sexta-feira, 28 de maio de 2010

28 de Maio



28 de Maio
Mais umas voltas pela cidade da Beira onde fui tirando mais umas fotos. Hoje ao fim do dia, entrevistaram-me para o Diário de Moçambique mas a parte agradável foi mesmo ter feito a entrevista em casa dos meus primos.
Amanha, já com as forças no lugar, lá vou “botar pra estrada” até á praia de Inhassoro, sim que agora estou de férias ahah.

quinta-feira, 27 de maio de 2010



27 de Maio
Aproveitei para usar o dia para passear com a minha prima Maria que gentilmente me mostrou a cidade da Beira. É mesmo uma pena ver casas de estilo colonial inglês em completa degradação, o grande hotel…nem vale a pena falar, as imagens dizem tudo. Só cá estive uma vez na Beira, devia ter uns 13 anos, numa visita de estudo á Gorongosa e pernoitei no colégio dos Maristas da Beira, onde me lembro de ter tirado uma foto de grupo com o colégio de fundo. Pois hoje ao percorrer as ruas da Beira, vi de repente o antigo colégio, que hoje é a Universidade Católica de Moçambique. Como é possível, passados estes anos todos, ter reconhecido um edifício que só tinha visto uma vez…
Passamos também no centro e foi muito emocionante ver como as pessoas que estão a vender fruta e legumes, tratam com tanto carinho a minha prima, chamando-lhe “tia Maria”.

26 de Maio





26 de Maio
Sai de Tete pelas 8h00, e meti-me á estrada a uma velocidade estonteante, 80 kms/hora. Parece pouco, mas para quem quer apreciar a paisagem e não descurar a segurança, é mesmo a velocidade ideal para viajar. Vou observando todos os cantinhos por onde passo e sempre que vejo alguma coisa diferente, click…mais uma foto.
Parei no Chimoio para abastecer e perguntei ao homem da bomba por um restaurante e o que me indicou obrigou-me a dar meia volta e andar cerca de um quilómetro para trás….uiiii que andar para trás não está com nada ahah.
Mas valeu mesmo a pena, chama-se a Palhota e até que é bem conhecido. Comi de aperitivo umas moelas e depois…feijoada. Um gelado de sobremesa, que já não comia á muito, umas fotos e “bota pra estrada”.
Os últimos 120 kms, foram complicados, pois o movimento de camiões é intenso e para complicar, a estrada tem demasiados buracos e nunca sei se o camionista me viu, quando se desvia de um buraco, na minha direcção, até claro, apontar aquela frente enorme para o outro lado. Dá para apanhar uns sustos, pelo caminho…
Agora finalmente cheguei á Beira, cidade que já tinha visitado quando era miúdo, numa visita de estudo que fiz no colégio dos Maristas, á serra da Gorongosa.
É muito bom, ao fim de tantos anos, encontrar-me entre familiares e levando á letra, toca a engordar ahah.
Tete – Beira total 615 kms

quarta-feira, 26 de maio de 2010

25 de Maio


25 de Maio
A estrada para Cahora Bassa, passa mesmo em frente á Galp Tangerina da D. Fernanda e aproveitei para a cumprimentar, tendo um amigo oferecido o pequeno almoço.
Tinham-me dito que ida e volta eram 250 kms, mas no final acabaram por ser os 312 kms mais lindos desde que estou em África. Além de bom piso, a estrada serpenteia nos montes verdes onde de vez em quando aparecem umas aldeias típicas de África, onde as pessoas simpáticas me vão cumprimentando á minha passagem. Quase a 20 kms da barragem, aparece uma bifurcação, onde optei por ir pela esquerda e voltar pela direita, pois esta última sobe bastante e de certeza que ao descer daria boas fotos, como se veio a concretizar.
A poucos quilómetros da bifurcação, existe um desvio em terra para o Ugezi Tiger Lodge, um local de acolhimento encantador, junto á água da barragem, onde comi um hamburger tendo por cenário, uns encantadores macacos a saltitar de arvore em arvore. Bem o preço da diária são uns módicos 1500 Meticais mas que o local convida, lá isso convida.
Comecei então a subir para o alto da serra onde comecei a avistar a barragem. Tinha ideia de uma barragem gigantesca, mas nem metade da de Crestuma é. Bem na altura em que foi feita, realmente foi uma grande obra. Só que tirar uma foto em cima da barragem é mesmo para esquecer, além de estar toda vedada com arame farpado, tem segurança por toda a parte e autorização quase impossível. Pena não ter grande tempo, senão dizia-lhes o impossível…
Algumas fotos depois, lá empreendi a viagem de regresso, desta vez pelo lado contrário, onde subi numa encosta muito íngreme até chegar a Songo que deveria ter sido os estaleiros para a construção da barragem, e onde se vê montes de máquinas que devem ser do tempo colonial.
Continuei a viagem de regresso, devagar, a saborear a estrada limpíssima e arranjada, com as bermas de capim cortadas a catana, continuando a apreciar as pequenas aldeias e as suas gentes.
Cheguei a Tete ainda bem de dia e deparei á entrada com uma fila de camiões de cerca de 2 kms, pois na ponte em reparação, só passa um de cada vez e para cada lado. Imaginem a confusão…






terça-feira, 25 de maio de 2010

24 de Maio

24 de Maio
Passei a noite a acordar para encher o colchão, pois este com tanto buraco até aqui, acabou por desgastar, fazendo um furo muito lento.
Mas acordei com uma vontade de vomitar e foi nessas condições que me meti á estrada, tornando os 470 kms que fiz, um bocado penoso.
Em Catete, ao meter gasolina, deparei com um monte envolto em nuvens, como nunca tinha visto.
Apanhei perto da fronteira chuva miudinha mas quando parei no posto de controlo policial da Zambia, como que por magia, parou a chuva e passou-me a vontade de vomitar. Teria sido por avistar Moçambique?
Bem…passando a fronteira senti-me em casa e na África que tanto gosto, mas realmente como só conhecia até á Beira, ainda bem que vim por este lado, pois é mesmo fascinante. Montes e mais montes como eu realmente gosto e já estou tanto tempo fora de casa que já vejo “mamas” por todo o lado.
Cheguei finalmente a Tete,
onde a ponte se encontrava em obras e fui surpreendido por um telefonema do Dr. Macedo Pinto, para me dirigir ao posto da Galp Tangerina onde me aguardava a D. Fernanda,

que gentilmente me abasteceu a moto além de me oferecer óleo sintético e spray multiusos, que já não via desde a entrada na Namíbia, o que me preocupava imenso, porque a corrente estava mesmo seca.
Também graças ao Dr. Macedo Pinto, fiquei a dormir em casa do Sr. Isaias Marrão, o que desde já agradeço.

23 de maio

23 de Maio
Hoje o meu netinho Martim faz seis meses e passei o dia a pensar como o tempo passa. Saí de Lusaca sem uma foto da cidade pois cidades como estas não me dizem nada, com prédios a destoarem o que não fica nada bonito. A estrada não está má de todo e os buracos estão quase todos assinalados. Tinham-me dito que podia ir pela fronteira da Vila do Zumbo para entrar em Moçambique, que a estrada estava boa. Só que quando cheguei a Luangwa, apanhei com 90 kms de terra com um tremidinho de fazer cá uma dor de cabeça que nem vos conto. O pior é que quando cheguei ao fim, não havia alfândega e como preciso do carimbo de saída no carnet de douane, toca a voltar para trás mais 90 kms.
Pelo menos esta picada, vai sempre junto ao rio Zambeze o que torna mais aliciante. Como pensava que ía fazer 370kms, acabei por fazer 615 kms, pois estava cheio de saudades de andar de moto.
Quase ao anoitecer, 16h30, passei por um camping e resolvi lá pernoitar, mas antes,
acendi o fogão MSR da Balgarpir que trabalha com gasolina e lá fiz mais uma massa, para variar.
Pelo menos já estou mais perto de Moçambique.

sábado, 22 de maio de 2010

22 de Maio

22 de Maio
África negra tem um aroma bem diferente e só mesmo quem aqui esteve ou viveu sabe a diferença.
O cheiro do capim é inconfundível e consegue-se bem ao longe saber que mais á frente choveu.
As pequenas cidades felizmente cresceram em perímetro ao contrário das grandes capitais que cresceram em altura. Hoje tinha intenção de chegar a Lusaka e como não eram assim tantos kms, aproveitei para rolar tranquilamente, tirando algumas fotos pelo caminho e petiscar umas coxas de frango e comer uns “scones” que nem de perto estavam como os do Gugas (tenho saudades tuas filhote, especialmente das tuas traquinices).


Finalmente encontrei uma coca cola á minha medida, depois de passar pelo primeiro leão que por aqui vi, só que era de pedra ahah.

Pensei que já tinha acabado o mau piso, mas hoje ainda papei mais 60 kms de terra batida. Mas a estrada nova está quase pronta e se alguém por cá passar para o ano já não apanha estes troços.
Quase quase em Moçambique onde anseio por ver a barragem de Cahora Bassa.
Livingstone – Lusaka Zambia total 480 kms

sexta-feira, 21 de maio de 2010

21 de Maio
Dormi em Livingstone, cidade pacata a 9 kms de Victória Falls e optei por dormir aqui, porque é bastante mais barato.


De manha, pequeno almoço tomado e directo a… exacto, ás cataratas, onde encontrei montes de macacos babuínos, a passearem pelo meio dos turistas e a subirem para os camiões que se encontram parados para entrarem no Zimbabwe, á procura de algo para comerem.
Logo que se entra no recinto, respira-se turismo o que até benéfico pois encontra-se tudo limpo e arrumado, com óptimos locais para passar o dia.
Não falta a estátua do primeiro europeu a ver as cataratas de Victória Falls, o Dr. David Livingstone.
Finalmente, depois de tantos dias, a tão desejada foto da praxe em frente ás cataratas (parece impossível).
Agora é começar a pensar na próxima, junto de Cahora Bassa.
A partir de aqui, tal como tinha planeado, vou começar a fazer menos quilómetros por dia e tirar mais fotos ao meu segundo país, Moçambique.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

20 de maio




20 de Maio
Sai de Rundo ás 8h00 mas com pena de não ficar lá mais um dia pois nota-se a influência dos ingleses nesta cidade, bem ao meu agrado. Também tinha ficado num Lodge bem acolhedor, onde restabeleci as forças e a fome eheh.
Não foi um dia fácil, primeiro porque foram muitos quilómetros a subir e depois porque com a altitude veio o frio, obrigando-me a vestir o forro do casaco da Drenaline. Estradas com rectas a perder de vista a lembrar um pouco a Mauritânia o que me obriga a mais concentração para não adormecer. Já vou com mês e meio desde que saí de Penafiel, já me devia ter habituado a estar longe da família e dos amigos, mas não á meio…que saudades.
Tanto na Namíbia como na Zambia, tenho que gerir bem a gasolina porque entre cidades são mesmo muitos quilómetros, chegando aos 200 entre algumas delas. Consegui chegar cedo á fronteira com a Zambia, mas como de costume, aguentei por lá hora e meia. Passei finalmente o rio Zambeze e rumei a Livingstone, onde cheguei já de noite e instalei-me num Lodge com internet, finalmente.
Rundo Namíbia – Livigstone Zambia total 735 kms

19 de Maio



19 de Maio
Despedi-me de Angola e todos os amigos que por lá ganhei especialmente o mano General Atum Tita grande companheiro e aventureiro que “quase” toda a gente conhece. Deixei para trás o oceano atlântico e embrenhei-me na Namíbia, país lindíssimo e bastante desenvolvido, onde predomina o verde. Num Wimpy em Tsumeb, onde fui comer um hambúrguer, um homem disse-me que tinha passado por mim e que não parecia ir nada confortável e quando lhe disse de onde vinha e para onde ia, disse-me “drive always left and you dont have problems…”, só que se esqueceu de me dizer dos animais que passam a estrada, que é vedada de ambos os lados, mas vi um macaco enorme junto á berma, quatro gazelas e á noite quando vinha um carro de frente, ao passar, dou de caras com quatro burros na minha faixa de rodagem, que por estas bandas, é a esquerda. Travagem a fundo in extremis, ficando a pouco mais de um metro dos burros, que não se afastam por nada, tendo eu que os contornar. Hoje já apanhei bastante frio, especialmente nas duas horas que fiz de noite.
Ondjiva Angola – Rundo Namíbia total 690 kms

18 de Maio



18 de Maio
Estava na ideia que o sul de Angola era mais desértico mas estava mesmo enganado pois predomina o verde e não faltam pequenos lagos, ribeiras e rios onde se vê a pequenada a tomar banho.
A estrada também tem alguns troços em bom estado, mas do Lubango até Ondjiva, capital do Cunene, apanhei cerca de duzentos quilómetros de buracos, terra batida e areia, não faltando os camiões a levantarem uma grande poeirada.
Como já estou perto da Namíbia e nesse país guia-se pela esquerda, já apanhei um susto quando me apareceu uma pickup pela frente, fora de mão.
Nesta estrada, ainda se vê vestígios da guerra, como o Tanque já bem degradado, que vai sendo desmontado para sucata.
Lubango – Ondjiva total 430 kms

segunda-feira, 17 de maio de 2010

17 de Maio

17 de Maio
Acabei por não sair tão cedo como isso, mas também eram só 370 kms dos quais 60 em muito mau estado. Á medida que se vai descendo, a temperatura também desce o que se torna muito mais agradável.
Já estava para tirar uma foto de um Embondeiro á bastante tempo e apesar de já ter visto uns bem maiores, aqui fica a foto para perceberem que pareço estar no país do Gulliver.

Passei por um sítio que se chama o Sítio do Jacaré, local muito devastado pela guerra, mas onde um pobre coitado de um Jacaré conseguiu sobreviver cinquenta anos. Paguei 100 Kuanzas para ajuda da alimentação, pois o menino come 4 kgs de carne com ossos por dia. Quando saí de lá, apareceram mais dez pessoas para o verem.

No caminho, lá descobri também uns putos com umas trotinetes feitas por eles bem curtidas.

Viajar por África á quase mês e meio, vai-me engrandecendo, como o que se passou hoje quando parei para comer umas tripas eheh. Conheci um simpático que delirou com a AJP, ele que tem uma Vstrom 650 só que quando soube que a AJP era uma 200 cm3 disse-me a rir-se; “assim é que eu gosto mesmo…não sou rico, não sou pobre mas vou chegar”

16 maio

16 de Maio
Benguela tem grandes tradições de desporto motorizado, mas com a guerra, ficaram muitos anos sem realizar. Tive mesmo sorte, porque acabei de assistir á primeira corrida depois de tantos anos.
É um circuito citadino, com passadeiras, passeios e quase sem escapatórias. Para abrir as hostilidades, a primeira corrida foi a das cinquentinhas,
todas elas Yamaha DT50LC das antigas, ainda de travão de tambor á frente. Equipamentos só mesmo o capacete e sem viseira ou qualquer tipo de óculos. Luvas ou botas idem aspas mas que elas andam, andam.

A seguir vem as 600 sim, eu disse as 600 num circuito citadino. Malucos mesmo, com as motos sempre a derraparem, tal a quantidade de pó que o asfalto tem. Tinha olhado para as motos e para os pilotos antes, tirei-lhes “a pinta” e resolvi tirar uma foto com o Vuty e não é que ele ganhou limpinho e com grande avanço.
Para finalizar, veio os 200 kms de Benguela de carros, com todas as classes juntas mas com classificações á parte. Aqui venceu um miúdo de 18 anos num Radical com motor Hayabusa 1300.
Muita falta de segurança, com pessoas a verem a corrida nas partes de fora das curvas, um cão que resolveu invadir a pista e com a confusão, perdeu o norte e demorou a sair de dentro da pista, sem antes ter ganho o dia quando três carros quase a par passaram a fundo pelo desgraçado.

Para finalizar, conheci o David Rebelo, importador AJP para Angola e que tinha acabado de ser operado á mão, pois corre de Honda CBR 600, mas na última corrida experimentou o tapete do autódromo de Luanda. Isto de viajar tem partes muito boas e hoje quando acabou as corridas e fui buscar a moto tinha um bilhete do “Paulo do Marcoi de Canaveses” com o número de telemóvel para se precisasse de alguma coisa. Vai daqui um agradecimento e um abraço para este Tuga.
Amanha, vou dormir a Lubango mas vou tentar sair cedo que já me falaram que vou apanhar cinquenta quilómetros mesmo maus.

sábado, 15 de maio de 2010

15 de maio




15 de Maio
África tem coisas mesmo giras…se algum veículo avaria na estrada, metem um “triangulo”, que não tem nada a ver com o nosso, chamam-lhe assim, mas na verdade é simplesmente uma pedra grande juntamente com uns ramos, quase no meio da estrada. Até aqui, apesar de arcaico, tudo bem, mas o pior é que quando o veículo está arranjado, ala que se faz tarde e nem retiram o dito triangulo. De vez em quando aparecem postos de polícias e sabemos logo porque metem no meio fio da estrada uma pedra enorme a segurar um ramo.
Outra coisa interessante, é a capacidade de desenrascar que por aqui existe, como hoje que vi um camião no meio da estrada com o diferencial de fora e a desmontarem-no. Ferramentas? Bem nem vos digo mas que se safam, safam. Não trazem aparelho de soldar, mas conseguem soldar peças partidas com a bateria do camião que é de 24 volts. Ligam o negativo á peça, o positivo a um alicate que por sua vez segura um eléctrodo e toca a soldar. Incrível, não é?
Amanhã vou ver os 200 kms de Benguela e segunda feira “bota pra estrada”
Luanda – Benguela total 580 kms